sábado, 7 de março de 2009
Laicismo e totalitarismo
O laicismo é a imposição de uma visão de mundo” O professor Wambert Gomes Di Lorenzo - mestre e doutorando em Direito pela UFRGS, professor da faculdade de Direito da PUC-RS, Secretário do Instituto Jacques Maritain e diretor da Escola do Bem Comum da Arquidiocese de Porto Alegre - explicou a diferença entre a laicidade que é uma invenção do próprio cristianismo, e o laicismo, que é um movimento autoritário que tende ao totalitarismo. *** Wambert Di Lorenzo: O que me enche de esperança na vinda do Santo Padre é uma esperança que não deve ser só minha, mas é uma esperança que deve ser comum a todas as confissões cristãs e todas as religiões. Nós estamos enfrentando hoje um novo tipo de autoritarismo que responde pelo nome de laicismo. Ele é um travesti de liberalismo, ele se traveste de democracia e de liberalismo, mas no fundo é um movimento autoritário que tende ao totalitarismo. Entenda-se que laicismo é diferente de laicidade. Na laicidade temos a separação entre a Igreja e o Estado e isto é invenção do cristianismo e não há em nenhuma outra religião do mundo esta hipótese enquanto cerne da própria mensagem. Foi o próprio Jesus Cristo que disse: “daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Então quem inventou a separação entre a Igreja e o Estado não foi o liberalismo, foi a Igreja, primeiramente. Segundo, a laicidade propõe um Estado neutro, a separação entre a Igreja e o Estado e uma neutralidade religiosa do Estado. O laicismo, ao contrário, é uma ideologia de ódio a toda manifestação religiosa, de rejeição a toda e qualquer igreja e, em particular, a Igreja Católica e pretende a vedação dos espaços públicos a manifestações de cunho religioso. Vejam como isso é grave: todas as estatísticas demonstram que mais de 98% da população brasileira pratica religião. Existem menos de 1% e desses 1% uma cúpula intelectual desses 1% que querem governar toda a sociedade, fechando o debate público para o argumento religioso, por isto estamos diante de um movimento totalitário. Uma surdez e uma rejeição a priori de todo argumento religioso. Vejam que numa democracia, sobretudo numa democracia laica, eu tenho que ouvir todo e qualquer argumento e refutá-lo, se ele é lógico ou ilógico, se ele é bom ou ruim. Numa democracia eu jamais posso recusar um argumento a priori, eu posso refutá-lo, mas não recusar a priori. Eu tenho que ouvir o argumento do outro. Isso significa que qualquer argumento vai ser desautorizado se a origem dele for religiosa e este grande sofisma que estamos vivendo hoje reflete em discussões fundamentais, como o aborto e as células tronco. O grande sofisma qual é? É trazer para o campo da religião, o debate. Tivemos uma audiência pública no STF que não foi um debate religioso, foi um debate científico. O que ocorre é que as confissões religiosas têm todo o direito e toda a legitimidade para entrar neste debate porque nós estamos numa democracia. É por isso que o laicismo não é plural, tampouco democrata, pois o laicismo é uma imposição de uma visão de mundo que se serve e se traveste de liberalismo e democracia e por isso tenta silenciar as vozes de toda e qualquer confissão religiosa. Esse encontro para mim é um momento de muita alegria em que nós vamos dizer: estamos no debate e não vamos nos calar. Sobretudo quando no Brasil nós estamos presenciando um momento pavoroso em que se pretende aprovar leis que permitam o extermínio de pessoas humanas, o assassinato de crianças pela própria mãe a partir do argumento do conforto porque a lei já prevê o aborto terapêutico e em caso de estupro, agora é o aborto em nome do conforto, o assassinato em nome do conforto e do pseudo bem-estar. Isso é muito grave e isso não é religioso, isso é ético, isso é moral.
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