sábado, 7 de março de 2009

Os 10 mandamentos dos motoristas

VATICANO - O gabinete do Vaticano emitiu os ´10 mandamentos´ para os motoristas nesta terça-feira, 19.junho. 2007.
1. Não matarás.
2. A estrada deve ser para ti um meio de conexão entre pessoas e não um
local com risco de vida.
3. Cortesia, sinceridade e prudência te ajudarão a lidar com eventos imprevistos.
4. Seja caridoso e ajude o próximo em necessidade, especialmente vítimas de acidentes.
5. Carros não devem ser para ti uma expressão de poder e dominação, e uma ocasião para pecar.
6. Caridosamente convença os jovens e os não tão jovens a não dirigir quando não estiverem em condições de fazê-lo.
7. Ajude as famílias de vítimas de acidentes.
8. Una motoristas culpados e suas vítimas, no momento oportuno, para que possam passar pela libertadora experiência do perdão.
9. Na estrada, protegeis os mais vulneráveis.10. Sinta-se responsável pelos outros
.

Por que a Santa Sé não abdica do seu estatuto diplomático

O jornal “Economist”, influenciado pelo laicismo anti-católico que hoje se alastra no Ocidente tentando eliminar a Igreja o catolicismo, propôs que a Santa Sé, isto é o Estado Pontifício, renunciasse ao estatuto diplomático, passando a “definir-se como a maior ONG do mundo”. (Agência Ecclesia - 09/08/2007)
O “ministro dos negócios estrangeiros” do Vaticano recusou a proposta do “Economist” e explicou as razões.
Numa entrevista ao quotidiano católico italiano “Avvenir”, o Arcebispo Dominique Mamberti, secretário do Vaticano para as relações com os Estados, defendeu o papel da diplomacia do Vaticano ao serviço da paz e dos direitos humanos, assumindo nomeadamente posições contra-corrente relativamente à cultura dominante.
“Não admira – declarou D. Mamberti – que se queira diminuir o eco da sua voz”. De fato, “desempenhando o seu próprio papel internacional, a Santa Sé está sempre ao serviço da salvação integral do homem, segundo o mandato recebido de Cristo”.
É sempre bom lembrar que a salvação de toda a cultura Ocidental, após a queda do Império Romano, em 476 sob o bárbaro Odoacro, só foi possível por causa da grande autoridade moral e religiosa da Igreja Católica. Sem a Igreja o mundo teria desabado de vez. A História que o diga; a Igreja sustentou o mundo Ocidental na sua pior hora, e agora querem descartar esta mãe…
D. Mamberti disse que “por detrás do convite a reduzir-se a uma ONG, para além da incompreensão sobre o estatuto jurídico da Santa Sé, existe também, provavelmente, uma visão redutiva da sua missão, que não é setorial ou ligada a interesses particulares, mas sim universal, abarcando todas as dimensões do homem e da humanidade”.
Cristo instituiu a Igreja, por isso ela não é uma simples ONG, uma simples Democracia, é muito mais; é o Corpo de Cristo, com a missão universal (católica) de salvar todos os homens; traze-los de volta para a Casa do Pai.
D. Mamberti colocou o dedo na raiz do problema: “É por isso que a ação da Santa Sé, no âmbito da comunidade internacional, é muitas vezes sinal de contradição, porque ela não cessa de elevar a sua voz em defesa da dignidade de cada pessoa e da sacralidade da vida humana, sobretudo do mais débil , assim como na tutela da família fundada no matrimônio entre um homem e uma mulher, para reivindicar o direito fundamental à liberdade religiosa e para promover entre homens e povos relações assentes sobre a justiça e a solidariedade”.
Esse mundo enlameado pelo pecado de uma sexualidade que só busca o prazer, de uma vida onde Deus foi substituído pelo dinheiro, poder e luxo, não suporta ouvir a voz da Igreja, como Herodes não suportava a pregação de S.João Batista, e o degolou no cárcere. Se fosse possível, os tiranos de hoje também degolariam a Igreja, como tentaram Stalin, Hitler, Lênin, e tantos ateus. Aqueles que querem estabelecer em todo o mundo a prática criminosa do aborto, da eutanásia, do bebê de proveta, das manipulações de embriões humanos, do homossexualismo como prática normal, etc… tentam de todas as formas enterrar a Santa Igreja de Deus.
Na referida entrevista, D. Mamberti mostra que a proposta do semanário inglês é “por uma compreensão pouco exata do lugar da Santa Sé na comunidade internacional, (incompreensão) que remonta aos inícios da própria comunidade internacional e se foi consolidando sobretudo no final do século XIX”.
Sabemos que o sonho dos racionalistas dos séculos XVIII e XIX, Renan, Harnack, Rousseaux, Nietsche, Shoppenhauer, e dos maçons, sempre foi o de eliminar a Igreja, calar a sua voz incômoda que denuncia o pecado e tudo que se levanta contra a pessoa humana e sua dignidade. Esquecem-se de que Cristo disse a Pedro que as portas do Inferno jamais prevaleceriam contra a Sua Igreja.
D. Mamberti ainda lembra que “com o desaparecimento dos Estados Pontifícios [1870], tornou-se cada vez mais claro que a personalidade jurídica internacional da Santa Sé é independente do critério da soberania territorial”.
Em 1870 o Estado Pontifício foi eliminado pelas armas violentas de Vitor Emanuel II, na guerra de unificação da Itália. Este Estado dirigido pelo Papa surgiu naturalmente das inúmeras doações de terras na Itália, que muitos príncipes e famílias cristãs doavam ao Papa, por acreditarem nele e na Igreja. EsseEstado durou cerca de 1000 anos, e o povo que nele vivia repetia a frase “é bom viver `a sombra do báculo”.
A partir de 1929, com o Tratado de Latrão, assinado pelo Papa Pio XI e Mussolini, o território da Igreja ficou reduzido a 0,55 km quadrados de terra; um pequeno sitio dentro de Roma. Deste pequeno “corpo” o Papa Pio XI, e todos os seus antecessores desde 1870, “prisioneiros do Vaticano”, não abriram mão, pois assim como Cristo teve um corpo humano para salvar o mundo, a Igreja precisa também de um “corpo” terreno para continuar a missão que o Salvador lhe confiou.
Portanto, a proposta indecorosa do “Economist” é maldosa e carregada de falsas intenções, entre as quais tentar calar a voz de Deus no mundo dos homens. Cabe a nós católicos, rejeitar toda proposta maligna deste tipo, por amor a Deus, a Igreja e aos homens.
Já tentaram afastar a Igreja da ONU, uma vez que esta se converte cada vez mais em um organismo anti-católico; mas o próprio Secretário Geral Kofi Anan, na época, rejeitou a proposta, em vista do papel importante que o Vaticano ocupa no concerto das nações. A Igreja não tem direito a voto na ONU, mas pelo seu passado e pelo seu presente, em beneficio da humanidade, ela tem direito a voz, como observador internacional. É a voz de Deus na decadente ONU.
Prof. Felipe Aquino –
www.cleofas.com.br

Mais dois prêmios Nobel na Academia Pontifícia das Ciências

Muitos não sabem, mas há vários prêmios Nobel que estão nas Academias de Ciências do Vaticano. O Papa Bento XVI acabou de nomear como membros da Academia Pontifícia das Ciências dois prêmios Nobel: o físico alemão Klaus von Klitzing e o químico taiwanês Yuan Tseh-Lee. (Zenit. org – Vaticano, 9 out 07)
Klaus von Klitzing (nascido em 1943) dirige desde 1985 o Instituto Max Planck de Ciências do Estado Sólido de Stuttgart. Foi premiado com o Prêmio Nobel de Física em 1985, graças a uma importante descoberta no campo da eletricidade, que permitiu a outros cientistas estudar com enorme precisão as propriedades de condução dos componentes elétricos.
Yuan Tseh-Lee (nascido em 1936) foi nomeado em 1974 como professor de química na Universidade de Berkeley (nos Estados Unidos). Em 1986 recebeu o Prêmio Nobel de Química pelo desenvolvimento da dinâmica de processos químicos elementares. Desde 15 de janeiro de 1994 é presidente da Academia Sinica, principal complexo de pesquisa científica e humanística da República da China.
A Academia Pontifícia das Ciências foi fundada em Roma em 1603 com o nome de Academia dos Linces (Galileu Galilei foi membro), e está composta por oitenta «acadêmicos pontifícios» nomeados pelo Papa a partir da proposta do Corpo Acadêmico, sem discriminação de nenhum tipo.
Tem como fim honrar a ciência pura onde quer que se encontre, assegurar sua liberdade e favorecer a pesquisa, que constitui a base indispensável para o progresso das ciências.
A Academia se encontra sob a dependência do Santo Padre. Seu presidente, eleito por quatro anos, é desde 1993 Nicola Cabibbo, professor de Física na UniversidadeLa Sapienza de Roma, e ex-presidente do Instituto Nacional Italiano de Física Nuclear.
A Academia Pontifícia das Ciências Sociais do Vaticano, tem 40 membros: dois terços são católicos ou cristãos, ortodoxos ou protestantes. Mas tem um terço que não é de católicos. Inclusive tem vários judeus. E entre os judeus que participam dos trabalhos dessa academia, três são prêmios Nobel de Economia. Um deles é Kenneth J. Arrow que ganhou o prêmio Nobel de 1972 por causa de uma teoria matemática em matéria econômica. O outro é um prêmio Nobel relativamente recente, se chama Joseph Stiglitz (2001). E o terceiro é Gary Becker, que é chefe da Escola Econômica de Chicago, foi colaborador de Milton Friedman (economista), que morreu recentemente.
Papa João Paulo II, em 24 de outubro de 2004, nomeou
dois cientistas, pioneiros da física, para membros da Academia Pontifícia das Ciências, do Vaticano: o professor americano William D. Phillips e o professor de origem indiana Veerabhadran (Ram) Ramanatham. William D. Phillips, nasceu em Wilkes-Barre (Pensylvania), é professor de Física na Universidade de Maryland e é líder do Grupo de esfriamento com laser da Divisão de Física Atômica do National Institute of Standards and Technology (NIST) de Gaithersburg (Estados Unidos). Em 1997 recebeu o Prêmio Nobel em Física.
Veerabhadran (Ram) Ramanathan, nascido em Chennai (Índia), é professor de ciências da atmosfera na Universidade da Califórnia (San Diego) e diretor do Centro para as Ciências da Atmosfera da Scripps Institution of Oceanography,La Jolla (Estados Unidos).
Quem pode dizer que a Igreja não se preocupa com a ciência?
Quem pode dizer que a fé é incompatível ou oposto à ciência?
Prof. Felipe Aquino –
www.cleofas.com.br

Reflexões da embaixadora norte-americana no Vaticano

Entrevista com Mary Ann Glendon


Por Irene Lagan

BOSTON (EUA), terça-feira, 27 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Enquanto o novo presidente, Barack Obama, embarca em sua missão de alinhar os Estados Unidos em uma nova direção, muitos dos embaixadores escolhidos pela ex-administração estão voltando para casa.

A embaixadora Mary Ann Glendon, que representou os Estados Unidos na Santa Sé, já retornou para Boston, onde é titular da cátedra Learned Hand de Direito na Havard University. A ex-embaixadora também resumirá seu trabalho como presidente da Academia Pontifícia de Ciências Sociais.

Nesta entrevista à Zenit, Glendon oferece algumas reflexões sobre seu trabalho em Roma, que durou cerca de um ano.

– Após representar o Vaticano por tantos anos, como foi representar os Estados Unidos na Santa Sé?

– Gledon: Como representante da Santa Sé nas Nações Unidas, eu estava envolvida em um tipo de trabalho com o qual nós, advogados, estamos acostumados – o direito focado em assuntos específicos, tais como metas de desenvolvimento e direitos humanos. O que tornou a posição de embaixadora para a Santa Sé especialmente fascinante para mim foi sua variedade. Praticamente todo dia esta função trouxe novas experiências e novidades por causa das preocupações do Vaticano, como as dos Estados Unidos, no âmbito mundial.

A Santa Sé tem relações diplomáticas com 177 nações; sua voz moral alcança quase todo canto da terra, e sua rede de paróquias, dioceses e colaboradores de ajuda humanitária a faz um extraordinário «posto de escuta». Muito do meu trabalho também envolveu «diplomacia pública» – falar e escrever sobre temas de preocupação comum para os Estados Unidos e para a Santa Sé.

E é claro que eu era responsável pela administração diária de uma pequena, mas muito movimentada embaixada. Para alguém como eu, que ensina no campo internacional, foi um grande privilégio ser capaz de adquirir em primeira mão um conhecimento sobre o Departamento de Estado dos Estados Unidos, dos Corpos Diplomáticos da Santa Sé e a arte da diplomacia como é praticada nestes tempos desafiadores.

– Quais foram suas maiores conquistas e desafios durante seu tempo como embaixadora?

– Glendon: Sinto-me muito afortunada por ter servido a nação em um momento em que as relações entre os Estados Unidos e a Santa Sé estavam especialmente próximas, como evidenciou a histórica visita de Bento XVI aos Estados Unidos em abril de 2009 e a extraordinária hospitalidade mostrada ao presidente George Bush em sua visita ao Vaticano, em junho.

Não apenas o Papa e o presidente partilharam uma visão comum global dos assuntos culturais e sociais, mas houve uma forte correspondência entre as visões do governo americano e da Santa Sé sobre a importância de fortalecer o consenso moral global contra o terror (especialmente contra o uso da religião como uma justificativa para a violência); promover os direitos humanos (especialmente a liberdade religiosa); fomentar o diálogo inter-religioso; e combater a pobreza, a fome e doenças através de parcerias entre governo e instituições baseadas na fé.

Em nosso mundo cada vez mais independente, mas cheio de conflitos, é um desafio encontrar formas de levantar e reforçar aqueles que partilham valores. Mas uma excelente oportunidade para fazê-lo aconteceu neste ano, em que as relações diplomáticas entre os EUA e a Santa Sé completaram 25 anos, com o 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Desde que a Declaração expressa tantos ideais para os quais os EUA e a Santa Sé estão dedicados, a conjunção daqueles aniversários ofereceu muitas ocasiões de explorar e expandir um terreno comum. Desta forma, consegui que nossa embaixada patrocinasse uma série de conferências sobre vários aspectos dos direitos humanos. Estou feliz por dizer que foram muito bem frequentadas – e acredito que ajudaram a aprofundar no relacionamento bilateral enquanto conseguir novos públicos com as mais altas e melhores tradições da América.

– Você mencionou que uma prioridade seria destacar o tema dos direitos humanos. Ao deixar seu atual cargo, qual sua perspectiva no que diz respeito aos direitos humanos no âmbito global?

– Glendon: Analisando o mundo contemporâneo, ninguém pode negar que a luta pela liberdade humana e a dignidade têm um longo caminho a ser trilhado. Mas o movimento dos direitos humanos que iniciou na segunda metade do século 20 tem conquistas impressionantes a seu favor: desempenhou um importante papel na queda dos regimes totalitários no Leste Europeu e no apartheid na África do Sul; ajudou a destacar a publicidade sobre abusos que de outra forma teriam sido ignorados; e efetivamente desacreditou a idéia de que o tratamento dos cidadãos de uma nação cabe exclusivamente àquela nação. Como Bento XVI disse em seu discurso às Nações Unidas no ano passado, «direitos humanos estão sendo cada dia mais apresentados como uma linguagem comum e um substrato ético de relações internacionais».

Mas quanto mais a idéia dos direitos humanos tem mostrado seu poder, mais intenso tem se tornado a luta para capturar esse poder por vários outros fins, que não são respeitosos da dignidade humana. Os ideais dos direitos humanos estão sob constante assalto do relativismo cultural e filosófico, que nega que qualquer valor seja universal. Ao mesmo tempo, têm sido minados indiretamente, por uma escalada de demandas por novos direitos, pela propagação de abordagens seletivas ao núcleo comum dos direitos básicos, por interpretações muito individualistas dos direitos, e por esquecimento da relação entre direitos e responsabilidades.

– Em seus encontros com Bento XVI, o que foi mais memorável?

– Glendon: Certamente, eu jamais esquecerei a visita de Bento XVI aos Estados Unidos, tão cheia de momentos e imagens marcantes, com cada discurso repleto de esperança e encorajamento; e o tão perfeitamente atencioso às pessoas às quais ele se dirigia. Depois de passar um ano em Roma, também me lembrarei de momentos silenciosos que foram especialmente reveladores do caráter pastoral desse homem sábio e gentil, seu dom de falar sobre Deus com crianças e jovens, e suas palavras paternas aos recém-ordenados sacerdotes.

A Verdade e a Caridade

A verdade é a caridade são duas virtudes fundamentais para a nossa salvação. Uma não pode ser vivida sem a outra, desprezando a outra, pois uma perde o seu valor se não observar a outra. Sem verdade não há verdadeira caridade e não pode haver salvação.
São Paulo disse que “a caridade é o vínculo da perfeição” (Col 3, 14); “A ciência incha mas a caridade edifica” (1Cor 8,1); “A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento da lei” (Rom 13, 10); “Tudo o que fazeis, fazei-o na caridade” (1 Cor 16, 14); “Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo.” (Ef 4, 15)
São Paulo mostra a excelência da caridade: “Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.” (1 Cor 13, 2).
Se “Deus é amor”, como disse São João, da mesma foram Ele é a Verdade. “Eu sou a Verdade” (Jo 14,6). O Antigo Testamento atesta: Deus é fonte de toda verdade (Pr 8,7; 2Rs 7,28). Sua Palavra é verdade. Deus é “veraz” (Rm 3,4). Em Jesus Cristo, a verdade de Deus se manifestou plenamente. “Cheio de graça e verdade” (Jo 1,14), Ele é a “luz do mundo” (Jo 8,12). “Para que aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (Jo 12,46).
São Paulo disse a S. Timóteo que “Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Deus quer a salvação de todos pelo conhecimento da verdade. O nosso Catecismo afirma com todas as letras: “A salvação está na verdade. Os que obedecem à moção do Espírito de verdade já estão no caminho da salvação; mas a Igreja, a quem esta verdade foi confiada, deve ir ao encontro do seu anseio levando-lhes a mesma verdade.” (§851)
“A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15); Paulo deixa claro para Timóteo. Sem a Igreja o edifício da verdade não para de pé. Por isso recomenda ao seu precioso bispo que guarde com zelo o bom “depósito da fé” (fidei depositum). “Guarda o precioso depósito, pela virtude do Espírito Santo que habita em nós.” (II Timóteo 1,14).
O mesmo recomenda ao bispo S. Tito: “… firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina e rebater os que a contradizem.” (Tito 1,9) .“O teu ensinamento, porém, seja conforme à sã doutrina.” (Tito 2,1). “… e mostra-te em tudo modelo de bom comportamento: pela integridade na doutrina, gravidade” (Tito 2,7).
Sem esta “sã doutrina” não existe salvação. Quando Jesus terminou o discurso… “a multidão ficou impressionada com a sua doutrina” (Mt 7,28). E ele recomendava: “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas”. (Mt 11,29)
Os discípulos viviam segundo esta verdade de Deus. “Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações”. (At 2, 42)
Jesus mostrou toda a força da verdade. “Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus.” (Jo 3, 21)
“Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade (Jo 4, 23-24). Por isso a Igreja ensina a “lex credendi, lex orandi” (como se crê se reza). “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,23).
Jesus mostrou o perigo de se desviar da verdade, porque a mentira vem do Mal: “Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (Jo 8,44)
Muitos não quiseram ouvir a verdade de Jesus,como hoje: “Mas eu, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem de vós me acusará de pecado? Se vos falo a verdade, por que me não credes? (Jo 8,46)
Jesus mostrou aos discípulos na última Ceia, que o Espírito Santo é a fonte da Verdade; e é Ele que conduzirá a Igreja `a “plenitude da verdade” em relação à doutrina.“É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.’ (Jo 14, 17)
“Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15, 26). “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16, 13).
A verdade de Jesus santifica: “Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade” (Jo 17,17). “Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade” (Jo 17,19). Por tudo isso, Jesus veio ao mundo para dar testemunho da verdade: “Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz” (Jo 18,37).
Muitos querem apenas o “Deus que é Amor”, mas se esquecem do Deus que é também a Verdade. Esta é uma “porta estreita ” que muitos não querem entrar, mas é a “porta da vida”. (Mt 7,13). A Igreja é muitas vezes criticada exatamente porque não abre mão da verdade. Não aceita fazer a caridade sem observar a verdade. Paulo VI disse que o mal do mundo é “propor soluções fáceis para problemas difíceis”. São soluções que não resistem a uma análise ética e moral porque não respeitam a verdade revelada.
Santo Agostinho recomendava com sua sabedoria e santidade: “Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade”.
A verdade norteia o bom uso da caridade, para que ela não se desvirtue. Não se pode “fazer o bem através de um fim mal”, ensinava S. Tomas de Aquino. Não se pode, por exemplo, usar o narcotráfico para arrecadar fundos para a caridade. Não se pode usar uma “camisinha” para evitar a AIDS ou fazer contracepção, porque o meio é mau. Não se pode promover a justiça através da luta de classes, do desrespeito às leis. Os fins não justificam os meios. E isto acontece quando a caridade é vivida sem observar a verdade.
Sem a verdade a caridade é falsa, e não pode haver salvação.
Prof. Felipe Aquino –
www.cleofas.com.br

Bobos felizes? - Dom Pedro José Conti

O habito não faz o monge”, diz o provérbio, mas sem dúvida chama um pouco, ou muita, atenção. Talvez uma criança curiosa tenha nos incomodado com perguntas inocentes querendo saber: por que aquela pessoa estava vestida daquele jeito? Claro que podemos sair da pergunta com uma resposta curta e grossa: é uma freira, é um frei. E se a criança insistir, querendo saber mais, saberíamos responder à altura e com gosto? Ou nos esconderíamos atrás do banal “deixa pra lá”, equivalente a não saber ou ao não querer responder?
Tenho certeza: digam o que quiserem, finjam não ver, ignorem a presença deles e delas, mas os religiosos e as religiosas chamam atenção. Não porque queiram isso. Mas, ou por usarem o hábito, ou pelo jeito, obrigam-nos a perguntar porque eles e elas escolheram aquela forma de viver. Por quê?
Insisto sobre os questionamentos pelo fato de a vida religiosa também ter mudado. A freira que anda pelas casas do bairro pobre, é formada em pedagogia e está estudando ciências sociais. O monge, que abre a porta do convento e acolhe os mendigos, é mestre em letras pela PUC de São Paulo. O frei que anda de bicicleta, evitando os buracos e a lama da periferia, é advogado. A irmãzinha, que cuida da creche, é enfermeira diplomada e continua estudando medicina de noite. O irmão, que está no acampamento dos sem-terra, é doutor em teologia. E assim poderíamos continuar.
Quem tem uma imagem dos irmãos e das irmãs como de “coitadinhos” meio perdidos e fora do tempo, está muito enganado. Não somente porque eles e elas, hoje, estudam mais, mas porque continuam sabendo muito bem o que querem. Eles têm um grande projeto de vida. Querem ser felizes vivendo o Evangelho. Querem contribuir com a sociedade de hoje, seguindo as pegadas de Jesus Cristo.
Se a vida religiosa podia parecer, no passado, um refúgio para ter uma “certa” tranqüilidade, ou uma fuga por medo das coisas perigosas do mundo, hoje é exatamente o contrário. Vida religiosa não é para pessoas fracas. É cada vez mais exigente. O celibato para o Reino de Deus e a virgindade consagrada, dizem, são coisas para sexualmente frustrados. A pobreza é considerada excesso de loucura e inaptidão administrativa. A obediência, uma inútil inibição dos projetos pessoais, uma afronta à liberdade individual. Essas coisas são bobagens, claro, mas só para os acomodados, os que ficam alucinados e iludidos pelas coisas do mundo, para os que adoram encontrar defeitos nos outros e só sabem criticar. Por isso, a vida religiosa sempre será questionada e sempre chamará atenção. O caminho é difícil e a porta estreita. É preciso empurrar para entrar, não é para todos.
Se não entendemos tudo isso, ou não sabemos responder bem às perguntas acima, tenhamos ao menos o bom senso de não falar à toa e, quem sabe, aprendamos a agradecer a essas pessoas, que pagam com a própria vida as suas escolhas. Se não fosse assim, a Irmã Dorothi não teria morrido. O Padre Bossi, do PIME, não teria sido seqüestrado, lá nas Filipinas. Os religiosos e as religiosas podem ter muitos defeitos, como todos, mas não são nem bobos e nem ingênuos.
A chamada crise da vida religiosa pode ser pela quantidade, com certeza não é pela qualidade. Talvez aos jovens, hoje, falte coragem. Estão sendo vencidos pelo medo de seguir, até o fim, o projeto de Jesus. Sentem medo de parecer diferentes ou de incomodar aos outros; de começar a mudar a história, mudando a própria vida. Por isso Jesus repetiu tantas vezes aos discípulos: não tenham medo… E o repete ainda em nossos dias. Para nós todos.

Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá

Você entende o que é o Mistério da Redenção?

O ponto central da fé cristã é a Redenção, realizada por Jesus através de Sua Paixão, Morte e Ressurreição. E o Se­nhor quis perpetuar a celebração da nossa Redenção pela san­ta Missa. “Eis o mistério da fé”, o sacerdote diz após a Consagra­ção, quando então o Calvário vivo se renova sobre o altar, em­bora de maneira incruenta. E o Senhor que continua a salvar os homens de todos os tempos e lugares.
Jesus veio ao mundo, assumindo nossa natureza, para res­gatar-nos da escravidão do pecado, do sofrimento e da morte eterna. Fazendo-se homem, Ele estava em condições de salvar o homem.
Mas, em que consiste essa salvação? Parece-me que esse é um ponto mal esclarecido e pouco ensinado aos fiéis, o que faz com que a maioria, infelizmente, não chegue a compreender bem o verdadeiro “mistério da fé” e não possa saborear com entusiasmo as riquezas de nossas celebrações litúrgicas, especialmente as do tempo pascal.
A Tradição e o Magistério da Igreja nos asseguram que o homem foi criado por Deus, por amor, para ser plenamente feliz n’Ele (cf. Cat §1). Mas, com o pecado original - pecado de desobe­diência e de soberba - o homem perdeu a vida divina e os dons preter-naturais, principalmente a imortalidade. Com o peca­do, que não estava nos planos de Deus, entraram na vida do homem o sofrimento e a morte. São Paulo disse que: “O salário do pecado é a morte” (Rom 6,23) e que “o pecado entrou no mun­do, e pelo pecado, a morte, assim a morte passou a todos os homens” (Rom 5,12).
O pecado original é dogma de fé, e a Igreja combateu no século V, principalmente através de Santo Agostinho, a heresia do frade Pelágio (o pelagianismo), que negava a natureza de­caída pelo pecado original e, como conseqüência, a necessida­de da graça redentora de Cristo. Se não houvesse o pecado original, Cristo não precisaria ter morrido na cruz por nós. E por causa desse pecado que Santo Agostinho dizia: “O’ feliz culpa que nos fez receber um tão grande Salvador.”
O Catecismo da Igreja diz que: § 397 – “O homem, tentado pelo Diabo, deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador (Gn 3,1-11) e, abusando de sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Foi nisto que consistiu o primeiro pecado do homem. Todo pecado, daí em diante, será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade.” E mais: §389 – “A doutrina do pecado original é, por assim dizer, “o reverso” da Boa Notícia de que Jesus é o Salvador de todos os homens, de que todos têm necessidade da salvação e de que a salvação é oferecida a todos graças a Cristo. A Igreja, que tem o senso de Cristo, sabe perfeitamente que não se pode atentar contra a revelação do pecado original sem atentar contra o mistério de Cristo.”
A melhor explicação para o entendimento do “mistério da Redenção”, encontrei nos Sermões sobre o Natal e a Epifania, de São Leão Magno, Papa e doutor da Igreja (440-461), conselheiro sucessivamente dos papas Celestino I (422-432) e Xisto III (432-440), contem­porâneo de Santo Agostinho. Vou deixar que ele mesmo, com suas palavras inspiradas, nos ensine sobre nossa Re­denção. Começa dizendo:
“Gloriava-se o demônio porque o homem, enganado por seu ardil, estava privado dos dons divi­nos e, despojado da imortalidade, encontrava-se sujeito a uma dura sentença de morte; assim, tendo um companheiro de pre­varicação, encontrava algum alívio em seus males (…).”
Em seguida São Leão Magno afirma que a razão profunda no fato de Cristo ter querido nascer de uma virgem foi “a de ocultar ao demônio que a salvação nascera para os homens, a fim de que, ignorando a geração espiritual, não julgasse que havia nascido de modo diferente aquele que via semelhante aos outros. Notando que Sua natureza era igual a de todos, supunha que Sua origem fosse a mesma; e não percebeu que estava livre dos laços do pecado aquele que não encontrou isen­to da fraqueza dos mortais. Deus, que em Sua justa misericór­dia dispunha de múltiplas maneiras de restaurar o gênero hu­mano, escolheu esse meio de salvação que, para destruir a obra do demônio, não recorreria a Seu poder; mas ã Sua justiça. Pois o antigo inimigo, em seu orgulho, reivindicava com certa razão seu direito à tirania sobre os homens e oprimia com po­der não usurpado aqueles que havia seduzido, fazendo-os pas­sar voluntariamente da obediência aos mandamentos de Deus para a submissão à sua vontade. Era portanto justo que só per­desse seu domínio original sobre a humanidade sendo venci­do no próprio terreno onde vencera”.
E São Leão Magno continua: “Conhecendo o veneno com que corrompera a natureza humana, jamais (o demônio) jul­gou isento do pecado original aquele que, por tantos indícios, supunha ser um mortal. Obstinou-se pois o salteador impru­dente e cobrador insaciável em se insurgir contra aquele que nada lhe devia; mas, ao perseguir n’Ele a falta original comum a todos os outros homens, ultrapassa os direitos em que se apoi­ava, exigindo daquele em quem não encontrou vestígio de culpa a pena devida ao pecado. Fica portanto anulada a sentença (cf. Cl 2,14) do pacto mortal que ele havia maldosamente ins­pirado e, por ter exigido contra a justiça além do que era devi­do, todo o débito é cancelado. Aquele que era forte é amarra­do com seus próprios laços. (…) O príncipe deste mundo é acorrentado, são-lhe tirados seus instrumentos de captura (…) a morte é destruída por outra morte, o nascimento renovado por outro nascimento, porque ao mesmo tempo a redenção põe fim a nosso cativeiro, a regeneração transforma nossa ori­gem e a fé justifica o pecador.”
O pecado de cada homem e de toda a humanidade ferem a Majestade Infinita de Deus; então, não basta uma reparação de valor humano para reparar a Justiça Divina. Não havia um homem sequer que pudesse oferecer à Justiça Divina uma reparação suficiente. Então, o Filho de Deus se fez homem, se ofereceu para reparar diante dessa Justiça todo o pecado da humanidade. Deus é misericordioso, mas é Justo; e todo o mal precisa ser reparado; é uma exigência de Sua Justiça. Não é Deus quem exige o Sacrifício do Filho ùnico e amado, mas a Justiça divina sobre a qual mundo foi criado.

A Carta aos Hebreus explica isso: “Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade (Sl 39,7ss). Disse primeiro: Tu não quiseste, tu não recebeste com agrado os sacrifícios nem as ofertas, nem os holocaustos, nem as vítimas pelo pecado (quer dizer, as imolações legais). Em seguida, ajuntou: Eis que venho para fazer a tua vontade. Assim, aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia. Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo. Enquanto todo sacerdote se ocupa diariamente com o seu ministério e repete inúmeras vezes os mesmos sacrifícios que, todavia, não conseguem apagar os pecados, Cristo ofereceu pelos pecados um único sacrifício e logo em seguida tomou lugar para sempre à direita de Deus.” (Hebreus 10,5-12).
Prof. Felipe Aquino –
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